top of page

CURSO

Leitura das Previsões de onda

Correntes marinhas: os giros oceânicos

Atualizado: 5 de ago. de 2023


Correntes marinhas, marítimas ou oceânicas? Vamos começar com uma curiosidade.


Embora tanto marinho quanto marítimo se refiram ao mar, existe uma diferença entre essas duas palavras. De cordo com o dicionário, marinho é o que é natural do mar. Enquanto marítimo é o que está junto ao mar, o que foi posto no mar ou realizado no mar pelo homem.


Portanto, assim como os animais marinhos, as correntes também são marinhas, e não marítimas.


E as correntes oceânicas?


Considerando a diferença entre mar e oceano, tanto corrente marinha como oceânica podem estar certas, depende do tamanho e da localização da corrente. Mais precisamente, na linguagem técnica o termo corrente marinha não é utilizado. Nos referimos a correntes costeiras como as correntes de retorno e a correntes oceânicas como os giros oceânicos que vamos ver nesse texto.


Então podemos considerar o termo correntes marinhas como um termo genérico que engloba todas as correntes que ocorrem nas águas salgadas.


Visto isso, vamos entender mais sobre as correntes marinhas?


O que são as correntes marinhas?

As correntes marinhas são o movimento contínuo da água no oceano assim como o vento é o movimento do ar na atmosfera. Elas têm nome, trajeto, temperatura e salinidade definidos. No caminho através do oceano, as correntes transportam calor, substâncias e organismo, conectando as diferentes bacias oceânicas e formando um único oceano global.


Esse movimento da água do mar pode ser vertical ou horizontal. O movimento horizontal são as próprias correntes. O movimento vertical pode ser chamado de afloramento quando sobe para superfície ou afundamento quando desce para maiores profundidades.


O movimento ascendente está associado às regiões de ressurgência que geralmente estão regiões costeiras com muitos peixes. Já o movimento descendente ocorre em regiões polares e é responsável pela formação de correntes profundas.


Correntes marinhas: os giros oceânicos.

Quais são os tipos de correntes marinhas?

Existem diferenças entre correntes superficiais e profundas, e, também, existem correntes locais e costeiras como as correntes de maré e as correntes de retorno, e correntes oceânicas e globais, como as que formam os giros oceânicos e a circulação termohalina. (continue lendo)


Essas correntes são geradas pela ação combinada do vento, da gravidade, da densidade da água, da rotação da Terra e da maré. Características da linha de costa e do fundo do mar também influenciam a localização, direção e velocidade das correntes.


E se não existissem as correntes marinhas?

O sol não aquece de forma igual a superfície da Terra. As regiões tropicais recebem muito mais energia solar do que as regiões polares, por exemplo. Se não houvesse a ação dos ventos e das correntes marinhas, o oceano tropical iria ferver e as regiões polares congelariam completamente.


São os ventos e as correntes marinhas os responsáveis por distribuir o calor pelo planeta e equilibrar as temperaturas, influenciando o clima local e global. A circulação de ar é responsável por dois terços desse transporte de calor, enquanto a circulação oceânica responde pelo outro terço. Em última instância, todo esse movimento é alimentado pela energia solar!


Correntes marinhas: os giros oceânicos

Exemplo de como as correntes marinhas influenciam o clima

Um exemplo famoso acontece no Atlântico Norte. A corrente do Golfo que tem origem nas águas quentes do Caribe, carrega cerca de 150 vezes mais água do que o rio Amazonas. No seu caminho, ela se move ao longo da costa leste dos Estados Unidos e atravessa o Oceano Atlântico em direção à Europa, levando o calor do Caribe para o Norte da Europa e mantendo as águas costeiras desta região até 4 °C mais quente.



Os Giros oceânicos

As correntes oceânicas superficiais, como a corrente do Golfo, podem percorrer longas distâncias formando sistemas de correntes conhecidos como giros oceânicos. Cada bacia oceânica tem um giro para chamar de seu. Talvez o mais conhecido seja o giro do Pacífico Norte, onde foi encontrado uma grande piscina de plástico, entre a costa da Califórnia e o Havaí.


Os giros são formados por um sistema de correntes superficiais formadas pelo vento. A força do vento coloca as águas em movimento até cerca de 400 metros de profundidade. Essas correntes superficiais se movem com aproximadamente 3% da velocidade do vento e - por causa do efeito da rotação da Terra, viram para a direita da direção do vento no Hemisfério Norte e para a esquerda no Hemisfério Sul - formando uma enorme ciranda das águas salgadas.


Correntes marinhas: os giros oceânicos

Correntes frias e correntes quentes

Esse processo gera um fluxo contínuo de água formado por correntes quentes na superfície dos mares tropicais que fluem em direção aos polos, pelo lado oeste do oceano – como a Corrente do Brasil no nosso litoral - levando calor para regiões mais frias.


Ao longo do seu percurso essas correntes perdem calor para o ar e retornam carregando águas frias dos polos em direção ao equador, pelo lado leste do oceano – como a corrente de Benguela no litoral atlântico da África. Redistribuindo o calor do Sol pelo caminho.


Um outro exemplo equivalente à corrente do Brasil é a corrente Leste Australiana.



A corrente de Nemo existe!

O filme Procurando Nemo, além de lindo, é bastante coerente com a oceanografia. A Corrente Leste Australiana (CLA) é uma corrente com contornos bem definidos que tem inicio na costa nordeste da Austrália onde se encontra a Grande Barreira de Corais (a casa do Nemo). Ela flui ao longo da costa leste da Austrália até um pouco depois de Sidney, onde se separa da costa - onde Marlin e Dori se despedem das tartarugas.

Acompanhado as setas ao longo da costa leste da Austrália, no vídeo abaixo, é possível visualizar o fluxo da CLA desde o Mar de Corais, no alto da tela, até sua separação da costa, na altura de Sidney (~33° S).






 

Mais informações
Fundamentos de oceanografia. Tom Garrison, 2010.
Descriptive Physical Oceanography. Talley, 2011.
bottom of page